sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Família?

Jovens sem responsabilidade, famílias sem base, vidas sem rumo, separações e destruição da comunidade primeira chamada família...
Como diria o nosso saudoso papa João Paulo II: “Estamos vivendo no mundo das normalidades”. É, a cada dia mais, normal vermos moças engravidando e tendo que constituir “família” com um rapaz que conheceu em “outra noite” ou “em outra festa”. Eu, porém, vos pergunto: Que família será esta?
Quando falamos de falta de estabilidade familiar, é justo ressaltarmos que não é um problema engrandecido, em todas as proporções, somente pelos jovens, mas também por adultos influenciados por uma mídia enganadora que prega a separação e não a reconstituição de laços que, desgastados naturalmente pelo tempo, deixaram ao sopro do vento filhos, momentos, sentimentos...
É triste ver o destrato com a instituição que me formou, é triste perceber que outros filhos não terão a mesma “sorte” que eu tive, de ter e viver em uma bela família, no entanto, mais triste e preocupante é ter a certeza de que, quem constrói essa tal de “sorte” somos nós!    

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Dona Zefinha!

Há exatamente um ano, em uma das minhas primeiras missões depois de que tinha saído do seminário, fui com o Evangelizarte para um bairro muito pobre e com altos índices de violência. Fomos sem violão, sem microfones, sem muitos dos integrantes do grupo e sem saber direito o que iríamos fazer em uma reunião de associação de moradores.
Quando chegamos ao local, nosso receio aumentou... Era um lugar muito esquisito e, apesar de poucas, havia pessoas que participavam de vários tipos de denominações religiosas e pessoas de todas as idades. Ficamos medrosos porque estávamos acostumados a louvores e animações apenas para jovens e, mais ainda, jovens católicos.
No entanto, como é de costume, rezamos, decidimos, mais ou menos, um roteiro das musicas que iríamos cantar e qual a leitura que iríamos partilhar. Começamos o nosso louvor e Deus, através de nós, fez acontecer o momento de louvor mais bonito e santo que já participei. Algo realmente Divino aconteceu naquele lugar... Não tínhamos nem violão, nem microfones, nem vozes para cantar, mas fizemos aquele pequeno lugar, com 50 pessoas de diferentes religiões e idades, emanar a graça de Deus e, simplesmente, tremer!
No meio daquelas pessoas, uma me chamou muita atenção, dona Zefinha. Uma senhora de 83 anos, sem nenhuma condição financeira, mas que, no auge de suas limitações físicas, durante uma hora e meia, não parou de louvar à Deus nem sequer um minuto.
Encerramos o louvor, as nove e pouco da noite, felizes da vida, abastecidos do amor e da graça de Deus.
No dia seguinte, o Evangelizarte, com violões, atabaques, microfones e com quase todos os integrantes do grupo, foi fazer um louvor em uma comunidade de pessoas com um bom poder aquisitivo e que se destacam por seus trabalhos pastorais na paróquia. Tínhamos tudo para repetirmos o bom louvor que acontecera no dia anterior, no entanto, muitos jovens, no auge de suas saúdes físicas, ficaram sentados durante todo o louvor. Foi inevitável não lembrar do rosto alegre, embora cheio de desgastes causados pelo tempo, de dona Zefinha e não comparar com os rostos lindos daqueles jovens, embora cheios de mediocridade e sem nenhuma vida.
Essa senhora viúva e cheia de problemas na família, há um mês me mandou um chocolate agradecendo por aquele louvor de um ano atrás, mas mal sabe ela que eu que a devo todos os melhores chocolates do mundo, porque foi através dela que eu percebi, de fato, que para se chegar a Deus não importa as nossas limitações, que para se chegar a Deus não importa a idade ou condição financeira. Coisas obvias, mas que só tive a confirmação através do agir dessa senhora.
Hoje quero terminar agradecendo a dona Zefinha porque, através do testemunho dela, muitos jovens conseguiram chegar mais pertinho de Deus. Obrigado dona Zefinha e que Deus lhe abençoe, aonde quer que a senhora esteja!

LS+JC

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Mundo perfeitamente superficial

Momentos emocionantes, discursos lindos, derramamento de lágrimas, abraços falsos e nenhuma experiência com Deus!
É impressionante como a nossa missão virou imediatista, como Deus está sendo tratado como uma fórmula instantânea para o alivio das nossas frustrações, como nós falamos facilmente do amor de Cristo, mas nunca provamos deste imensurável amor.
Em outras décadas, a enganadora e repugnante Teologia da Libertação nos ensinava o relativismo e parcialismo bíblico, que nos fazia procurar na palavra de Deus àquilo que queríamos escutar e esquecíamos de escutar àquilo que Deus queria nos falar. Viramos protagonistas de uma história em que Deus deveria ser o único protagonista.
Hoje em dia estamos promovendo constantes “ficas” com Deus, ficamos hoje, mas amanhã nem lembramos que Ele existe, porque o que nos interessa é solução momentânea dos nossos problemas, não queremos um compromisso sério com Deus porque sabemos que isso pode nos custar a vida¹. Em vários momentos choramos de emoção por causa de lindas palavras que escutamos, mas, por mais lindas que sejam, essas palavras logo vão embora porque eram, apenas, um belo e superficial discurso religioso.
Corriqueiramente reclamamos do “êxodo católico”, pessoas que, de uma hora para outra, percebem que se sentem melhor em uma outra denominação religiosa, pessoas que, de uma hora para outra, dizem ter encontrado Jesus. Eu porem vos pergunto: O que estamos fazendo na Santa Igreja Católica, se não encontramos Jesus nela?
Nós estamos fazendo da nossa Igreja um amparo e uma fonte para as nossas emoções de momento, esquecendo Àquele à quem mais nos ama e que nos ama eternamente. Prefirimos dedicar os nosso domingos aos nossos amigos, namorados(as), famílias, estudos e esquecemos Àquele que a cada domingo, na Santa Missa,  faz questão de morrer para nos dar a vida eterna. Preferimos “curtir o momento” e esquecemos o autor de todos os momentos.
Chega! Chega de pessoas que falam de amor para emocionar, mas nunca provaram do Verdadeiro Amor. Chega de pessoas que falam de Jesus, mas que nunca conseguiram ver Jesus, nem na Santa Eucaristia. Chega! As pessoas estão cansadas de tanta superficialidade!
Queremos ver Jesus, porque somente Ele é caminho, verdade e vida².

Pedro Marinho

¹Cf Jo 15, 12-17
²Cf. Jo 14, 6a

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Ser cristão, ser anormal.

 

Nos dias de hoje, onde os jovens estão envoltos pela fascinação das coisas visíveis¹, nós, jovens cristãos, somos convidados a viver o desafio de nos abandonar nos esplendores escondidos de um mundo invisivel¹, onde Deus é Rei e Senhor.
É incrivelmente impiedosa a forma com que a juventude é bombardeada de uma imensidão de coisas agradáveis aos olhos humanos e satisfatórias aos prazeres da carne: dinheiro, irreligião, sexo “seguro”, ter mais parceiros (as), drogas, ter mais poder, ser o melhor, ser o mais famoso, ver mulheres e homens nus vendendo cerveja, carros, futebol, revistas e seus próprios corpos. Com tudo isso, nós nos perguntamos se há como viver uma vida diferente desta que é imposta pela sociedade e pelos meios de comunicação, se vale à pena nadar contra a maré, se têm condições de se feliz sendo diferente de todos.
É fato, todas essas coisas possuem um grande poder persuasivo, no entanto, todas elas só têm esse poder porque as escolhemos como importantes e as colocamos como prioridades em nossas vidas. A final de contas, quem é o seu Deus? Quem e o seu Senhor?
Hoje nós somos convidados á olhar nos olhos de Cristo e nos apaixonar por Ele, a mergulhar nesse amor que nos traz de volta pra casa, porque todas aquelas coisas ficam pequenas e desprezíveis quando colocamos Deus no lugar de Deus². Não podemos continuar vivendo uma fé medíocre e momentânea, uma religião superficial onde Deus não é prioridade, porque quem não deu tudo, não deu nada!³
Venham! Deus quer precisar de vocês, para que nós sejamos diferentes, para que nos sejamos sal pra essa terra sem gosto e luz pra esse mundo escuro e sem vida4.


Pedro Marinho de Araujo







¹Oração da Virgem do Silêncio
²Cybelle Lúcia Feitosa
³Ir. Maria do Carmo, DIC
4Cf. Mt 5, 13-16